terça-feira, 25 de setembro de 2012

Dilma volta a criticar política monetária dos países desenvolvidos na abertura da Assembleia da ONU


A presidente Dilma Rousseff voltou a criticar a política monetária dos países desenvolvidos na abertura da Assembleia da ONU, que acontece nesta terça-feira (25) em Nova York. Dilma não chegou a citar a expressão ‘tsunami monetário’, mas criticou a ação dos bancos centrais dos países desenvolvidos que com política expansionista enchem de dólares os mercados em desenvolvimento, o que afeta a competitividade dos produtos locais no mercado internacional.
 Os bancos centrais dos países desenvolvidos persistem em uma política monetária expansionista que desiquilibra as taxas de câmbio. Com isso, os países em desenvolvimento perdem mercado devido a valorização artificial de suas moedas, o que agrava ainda mais o quadro recessivo global.
Dilma Rousseff falou ainda das recentes medidas comerciais adotadas pelo Brasil e criticadas pelo governo norte-americano.
— Não podemos aceitar que iniciativas legítimas de defesa comercial por parte de países em desenvolvimento sejam injustamente classificadas como protecionismo. Devemos lembrar que a legítima defesa comercial está amparada pelas normas da Organização Mundial do Comércio.


 No ínicio do discurso, a presidente brasileira falou do agravamento da crise mundial.
— Um ano após o discurso que pronunciei nesta mesma tribuna constato a permanência de muitos dos problemas que nos afligiam já em setembro de 2011. Quero hoje voltar a discutir algumas dessas questões cuja solução é cada vez mais urgente. A grave crise econômica iniciada em 2008 ganhou novos e inquietantes contornos.  A opção por políticas fiscais ortodoxas vem agravando a recessão nas economias desenvolvidas com reflexos em países emergentes inclusive o Brasil. As principais lideranças do mundo desenvolvido não encontraram o caminho que articula ajustes fiscais apropriados e estímulos ao investimento e à demanda indispensáveis para interromper a recessão e garantir o crescimento econômico. A política monetária não pode ser a única resposta para resolver o crescente desemprego, o aumento da pobreza e o desalento que afeta no mundo inteiro as camadas mais vulneráveis da população.
Viagem a Nova York
 A presidente Dilma Rousseff viajou neste domingo (23) para os Estados Unidos para fazer, pela segunda vez, o discurso de abertura da 67ª Assembleia-geral das Nações Unidas.

A expectativa era que Dilma mostrasse as posições do Brasil a respeito de temas como a crise econômica e os combates no Oriente Médio em seu discurso. Além disso, esperava-se que Dilma falasse das medidas tomadas pelo governo brasileiro para combater a crise, como as desonerações e redução de impostos.

Presente em seus discursos no Brasil, a crítica ao ‘tsunami monetário’ promovido pelos países ricos também era esperada no discurso. Como já deixou claro em várias falas no Brasil, a presidente brasileira acredita que os países desenvolvidos não usam políticas fiscais de ampliação de capacidade de investimento para sair da crise e que, então, despejam trilhões de dólares nos países em desenvolvimento.

No ano passado, os Estados Unidos injetaram US$ 2,3 trilhões na economia ao recomprar títulos de longo prazo. O destino de parte desse dinheiro foi países em desenvolvimento, graças às altas taxas de juros praticadas, que possibilitam melhor retorno para o investimento. A entrada em massa de dólares de investimento especulativo em países em desenvolvimento reduz a cotação do dólar frente às moedas locais, deixando os produtos mais caros para o mercado internacional e prejudicando as exportações, como tem acontecido no Brasil.

O tema da Assembleia Geral da ONU deste ano é a prevenção e a resolução pacífica de conflitos internacionais.

Abertura

discurso de abertura das assembleias gerais da ONU é de responsabilidade do chefe de Estado brasileiro, já que o País foi o primeiro a aderir à organização, em 1945, quando foi criada. Como Dilma é a primeira mulher a assumir o cargo de presidente do Brasil, foi também a primeira a fazer o discurso de inauguração do evento, no ano passado.

No discurso de 2011, Dilma falou da atuação das mulheres. A presidente também cobrou o reconhecimento do Estado Palestino como membro pleno das Nações Unidas. Na mesma fala, ela discorreu sobre os avanços econômicos e sociais do Brasil para reivindicar ao país uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da instituição.


Programação

A presidente viajou a Nova York neste domingo e fica até esta quarta-feira (26) na cidade norte-americana. Na segunda (24), Dilma encontrou com o presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Durão Barroso. Durante a visita a Nova York, a presidente brasileira deve encontrar ainda o presidente da Rússia, Vladimir Putin. A expectativa é que eles acertem as datas para uma possível visita oficial à Rússia, único país do BRICS que ela ainda não visitou.

Em Nova York, Dilma está acompanhada da filha Paula e dos ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, da Educação, Aloizio Mercadante, da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, das Cidades, Aguinaldo Ribeiro e do assessor para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.

Seguindo uma agenda sigilosa, a presidente assistiu na noite desta segunda (24) à Ópera L'Elisir d'Amore, no Lincoln Center. Embora esteja em viagem oficial, a presidência não informou quem custeou os bilhetes de entrada na ópera, que foi um dos espetáculos mais concorridos da noite na cidade.

fonte: r7.com

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