segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Record é notificada por perseguição a anunciantes no seu jornalismo

Em reportagem da Record, suposta cabeça de rato na garrafa de Coca-Cola que segundo a emissora causa câncer (Foto: Reprodução/Record)
A Record foi notificada por usar o jornalismo para perseguir empresas que não anunciam na rede através de uma carta das duas principais entidades representativas dos anunciantes e das agências de publicidade do Brasil. A ABA (Associação Brasileira de Anunciantes) e a Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade) notificaram a Record de que “é preciso tomar muito cuidado para não ultrapassar o que é ético” no exercício do jornalismo crítico.
De acordo com o vice-presidente executivo da ABA, Rafael Sampaio, a carta foi encaminhada há um mês. Nessa carta, as entidades relatam ter recebido reclamações de vários anunciantes que se sentem perseguidos por reportagens da emissora.  A carta, no entanto, não cita anunciantes, porque eles não pediram uma intervenção formal. Como foi noticiado na semana passada, a Record usa o seu jornalismo para atacar empresas que não anunciam na emissora.
O caso mais recente foi o do HSBC. O banco foi alvo de três grandes reportagens em novembro, que repetiam informações sobre investigações contra a instituição financeira nos Estados Unidos e na Europa. As denúncias só cessaram após o banco enviar um emissário para negociar com a Record. O HSBC não investiu um único centavo em publicidade na Record neste ano. Antes do HSBC, foram vítimas do jornalismo da Record a Coca-Cola, o Santander, o Itaú, o Unibanco e o Wal-Mart, entre outras empresas.
A carta da ABA e da Abap foi motivada principalmente pela Coca-Cola. Em setembro, a emissora mostrou uma reportagem em todos os seus telejornais afirmando que o principal refrigerante da marca contém substâncias que podem “causar câncer” e que “falhas no processo de produção” podem trazer “danos irreversíveis” aos consumidores. A reportagem era ilustrada pelo depoimento de um consumidor, o relojeiro Wilson Resende, que guarda uma garrafa de Coca-Cola com uma suposta cabeça de rato dentro. Ele processa a empresa desde 2000. Laudos encomendados pela Justiça, no entanto, revelaram que seria impossível o rato parar dentro da garrafa pet pelo processo de produção da Coca-Cola e levantam a suspeita de que houve fraude.
Pressionada, a Coca-Cola produziu uma campanha convidando consumidores a visitarem suas fábricas. E veiculou os anúncios na Record. Na carta enviada à Record, a ABA e a Abap afirmam que respeitam a liberdade de expressão, que julgam saudável a não interferência do departamento comercial dos veículos em suas redações, mas que “essa liberdade de imprensa nem sempre é observada”. A Record ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Com informações do jornalista Daniel Castro.

publicado por joriongleide santos

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