sábado, 9 de março de 2013

Escolha do novo Papa começa na terça-feira


Vaticano (AE) - O Colégio Cardinalício marcou para terça-feira (12) a abertura do conclave que elegerá o sucessor de Bento XVI. A decisão só foi tomada na oitava reunião da Congregação-Geral do Colégio Cardinalício, após cinco dias de debates a portas fechadas, durante os quais os cardeais se obrigaram, sob juramento, a manter sigilo sobre as questões discutidas. A demora da definição da data do conclave se explica em parte pela necessidade de todos os cardeais eleitores já se encontrarem no Vaticano, o que aconteceu nesta sexta-feira, quando o cardeal vietamita Jean-Baptiste Pham Minh Man, arcebispo de Ho-Chi Min, se juntou à Congregação-Geral. Ele só chegou ontem porque o governo comunista do Vietnã demorou a autorizar sua viagem. O número de eleitores é de 115 cardeais.

mastrangelo reino/frame/ae
D. Odilo Scherer: favoritismo apontado por jornais italianos

É pouco provável que o conclave demore muito, porque os eleitores iniciarão a votação depois de conversar muito sobre o perfil ideal do novo papa e a escolha de um candidato capaz de enfrentar a grave crise que a Igreja vive. Nas oito reuniões da Congregação-Geral, os cardeais analisaram também, em mais de cem intervenções, os problemas e desafios da Santa Sé - entre eles os casos de abusos sexuais cometidos pelo clero e denúncias de escândalos financeiros no Vaticano.

A expectativa é de que o novo papa seja escolhido no terceiro ou quarto dia de conclave, ou seja, após cinco ou seis votações. O cardeal Ratzinger, papa emérito Bento XVI, foi eleito no segundo dia. A rapidez da escolha se explica pelo fato de que havia certo consenso em torno do nome - o que não acontece agora, quando os cardeais parecem estar desunidos. 

FAVORITOS

No dia em que a data do conclave foi divulgada, a lista de cardeais que mais circulam no meio eclesiástico e na imprensa internacional foi reduzida. Ontem, os principais jornais da Itália e alguns dos vaticanistas mais respeitados indicaram que os favoritos para suceder o papa Bento XVI são dois: o italiano Angelo Scola, arcebispo de Milão, e o brasileiro Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo. Mas o favoritismo tem um preço: em caso de impasse, uma terceira via poderá ser apresentada na janela do Vaticano.

O favoritismo de Scola e de Scherer ficou claro nas páginas dos diários La Repubblica, La Stampa e Il Messaggero, além da revista Panorama, quatro dos mais respeitados veículos de imprensa da Itália. Todos convergiram na sexta-feira quanto aos cardeais que teriam saído fortalecidos das Congregações Gerais, as reuniões pré-conclave do Colégio Cardinalício. "Partida entre dois no conclave", escreveu o La Repubblica, que mencionou o brasileiro como "homem forte do IOR", o Banco do Vaticano. Segundo o diário, Scola seria sustentado por cardeais reformistas, enquanto Scherer seria o "representante da cúria", avesso a reformas na Igreja.

Na mesma linha, o jornal La Stampa lembrou que grande parte dos cardeais teria optado pela escolha de um papa não europeu. O diário afirma que candidatos "emergentes" poderiam reunir até 50 votos desde o primeiro turno de votações, de um total de 115. Para ser escolhido, um cardeal precisa de 77 votos. "Um dos candidatos mais populares é o brasileiro Odilo Pedro Scherer", afirma o jornal.

Para Lucetta Scaraffia, historiadora e vaticanista da Universidade La Sapienza, de Roma, o conclave é aquele com maiores chances de que o eleito venha de fora da Europa. "Não sei se vencerá, porque todo conclave envolve muitas outras questões, mas o cardeal Scherer é um dos mais fortes candidatos", disse. "Scherer é um americano, o que atende a pressão por um papa de fora da Europa, mas também é um sul-americano, o que o faria superar os problemas políticos que opõem muitos cardeais europeus aos cardeais dos Estados Unidos", explica. "Ele também teria o apelo forte dos países emergentes e do terceiro mundo. E, além disso, é alguém que conhece a cúria." John Allen Jr., vaticanista da National Catholic Reporter e da rede americana de TV CNN, foi na mesma linha. "Eu diria que Scherer é a melhor aposta", afirmou. "Ele tem boa reputação e é admirado em Roma."

TRIBUNA DO NORTE

Nenhum comentário :