terça-feira, 12 de março de 2013

Com desoneração, custo da cesta básica deve cair 6%


Os produtos da cesta básica, como carne, açúcar e café, podem ficar até 6% mais baratos a partir deste mês no Rio Grande do Norte, segundo a Associação dos Supermercados do Estado (Assurn). A redução é reflexo do corte dos impostos federais que incidem sobre os itens - anunciado na última sexta-feira (08) pela presidenta Dilma Rousseff. O governo federal zerou a alíquota de PIS/Cofins (9,25%) e esperava, com isso, reduzir os preços na mesma proporção.

Júnior Santos
A carne é um dos itens que tiveram tributos reduzidos, cujos preços já começam a ser remarcados

Os comerciantes, afirmou Eugênio Medeiros, empresário e membro da diretoria da Assurn, deixarão de cobrar os impostos imediatamente, mas a redução prevista pela presidenta - acima de 9% - dificilmente será alcançada, esclarece. "Outros fatores interferem no preço", esclarece Melquisedec Moreira, supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos no RN (Dieese).

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) fez a sua própria projeção. Segundo Fernando Yamada, presidente da Associação, a diferença do preço da carne com a desoneração da cesta básica será de 6%. Já o restante dos produtos deverá ter uma redução média de apenas 3%. 

A Secretaria Estadual de Tributação concorda com a projeção da Assurn e acredita que a redução só chegará ao consumidor final entre 30 e 40 dias. Alguns supermercados e hipermercados, no entanto, resolveram se antecipar e já começaram a remarcar os preços. 

As lojas Pão de Açúcar e Extra do Brasil, que totalizam mais de 600 pontos de venda no país, aplicaram a desoneração dos impostos nos itens da cesta básica às 00h de ontem. O supermercado Rede Mais/Alecrim também já começou a aplicar a desoneração. 

A medida, que tem como objetivo reduzir os preços e manter as vendas em alta, contempla produtos como carnes, arroz, feijão, ovos, leite integral, café, açúcar, farinha, pão, óleo, manteiga, frutas, legumes, entre outros. 

Os estados, segundo José Aírton, secretário de Tributação do RN, podem acompanhar o governo federal e reduzir de 17% para 12% o ICMS que também incide sobre os produtos da cesta básica. Atualmente parte dos produtos já tem a alíquota reduzida no RN. Este é o caso do arroz, feijão e café. 


A ampliação do incentivo para outros itens, entretanto, vai ser discutida na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), agendada para o dia 4 de abril. "Esta é a tendência. Os Estados sempre acompanham as desonerações do governo federal", afirma Aírton. A redução, que ainda precisará passar pelo Confaz, poderia reduzir ainda mais o preço dos produtos da cesta básica no estado.

Consumidores se queixam de preços altos

A costureira Maria das Dores de Melo, 54, foi às compras ontem - três dias após o anúncio da presidenta Dilma Rousseff - e voltou para casa um tanto frustrada. "Os preços ainda estão altos. A alimentação é muito cara. Não era para ser assim", desabafou. 

Entre uma gôndola e outra, Maria encontrou um litro de leite por quase R$ 3, farinha por quase R$ 5 e feijão a R$ 8. Para não extrapolar o orçamento, deixou nas prateleiras marcas mais conhecidas e passou longe dos supérfluos. Também disse não várias vezes ao seu único filho, de dez anos. "Fico até triste por não poder comprar o que ele me pede. Chego a sentir vontade de chorar", lamentou. 

As queixas de Maria têm fundamento. Segundo pesquisa divulgada na última semana pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconoômicos (Dieese), Natal tem a cesta básica mais cara do Nordeste. A capital foi a que apresentou o custo mais alto para a cesta básica em fevereiro, entre as capitais analisadas (R$ 283,27). O aumento registrado no primeiro bimestre em Natal foi o segundo maior entre 18 capitais no país. O percentual só ficou mais baixo que o registrado em Salvador (18,90%). 

Azarias Cruz Santiago, 72, militar aposentado, reconhece que os preços estão bem 'salgados'. Ele costuma pesquisar bastante antes de fazer as compras e torce para que os preços caiam o mais rápido possível. "Não dá para comprar muita coisa. Estou até o pescoço".

PRESSÃO

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reuniu ontem, em Brasília, empresários e representantes do setor de supermercados e comércio varejista para cobrar o repasse imediato das desonerações de impostos federais dos produtos da cesta básica. Participaram da reunião representantes de redes como Pão de Açúcar, Carrefour, Wal-Mart, BR Foods e associações empresariais.

TRIBUNA DO NORTE

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