A garota
americana Emma Whitehead, de 7 anos, conseguiu combater uma leucemia –
câncer que atinge os glóbulos brancos do sangue, responsáveis pela
defesa do organismo – graças a uma técnica experimental que usa o vírus
da Aids para alterar as células do sistema imunológico e fazer com que o
próprio paciente elimine a doença. As informações são do site do jornal
"The New York Times".
Os resultados obtidos por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia
em 12 pessoas foram apresentados neste domingo (9) e nesta segunda-feira
(10) em uma reunião da Sociedade Americana de Hematologia, em Atlanta.
Emma já havia passado por sessões de quimioterapia, mas a doença voltou
duas vezes. Desesperados, os pais procuraram um tratamento novo no
Hospital Infantil da Filadélfia, que começou em abril e utilizou uma
forma deficiente de HIV para reprogramar o sistema de defesa dos
pacientes e matar as células cancerosas.
O tratamento
com o remédio tocilizumab, porém, quase matou a menina – que teve 40,5° C
de febre, ficou inconsciente e quase irreconhecível de tão inchada. Ela
precisou respirar por aparelhos, e familiares e amigos chegaram a se
despedir dela.
Hoje, mais de sete meses depois, o câncer desapareceu – mas a cura só é
considerada total após um período de cinco anos. Emma voltou à escola,
tem tirado notas altas e lê até 50 livrinhos por mês. Ela foi a primeira
criança e um dos primeiros seres humanos a ter sucesso com a nova
técnica, que dá ao sistema imune do próprio paciente a capacidade
permanente de combater a doença.
A garota, que é filha única, foi diagnosticada em 2010 com leucemia
linfoide (ou linfoblástica) aguda, que danifica o DNA de um grupo de
células na medula óssea, que acabam sendo substituídas por células
doentes.
Três adultos com leucemia crônica também tiveram remissão completa do
câncer durante o estudo, e dois deles estão bem há mais de dois anos.
Outros quatro adultos melhoraram, mas a doença não desapareceu
completamente, e um quinto foi tratado muito recentemente, motivo pelo
qual ainda é cedo para ser avaliado.
A outra criança submetida ao processo melhorou, mas depois teve uma recaída. E, em dois adultos, o tratamento não funcionou.
Apesar dos diferentes resultados, especialistas em câncer dizem que a
pesquisa é uma grande promessa, porque conseguiu reverter casos
aparentemente sem esperança em uma fase de testes ainda inicial.
Os cientistas acreditam que o mesmo método de reprogramação do sistema
imune possa ser usado contra tumores de mama e próstata. Segundo o
médico Carl June, que lidera os trabalhos, o novo tratamento poderia, no
futuro, substituir o transplante de medula óssea – última esperança
para indivíduos com leucemia e doenças similares.
Em agosto, a farmacêutica suíça Novartis resolveu apostar na equipe da
Pensilvânia e destinará R$ 41,5 milhões para a construção de um centro
de pesquisas no campus da universidade, com o objetivo de levar essa
terapia para o mercado.
Como funciona o tratamento
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