Venda de carteiras de habilitação para dirigir ônibus e caminhões, venda de certificado para transportar cargas perigosas sem realização de cursos, prefeituras suspeitas de superfaturar shows de nomes conhecidos da música brasileira, como do Fábio Jr., Zezé di Camargo e Luciano e a Banda Cheiro de Amor.
Um empresário do ramo artístico que gerencia a carreira de outros grupos musicais e que foi preso na semana passada confessou que funcionários públicos desviavam dinheiro das apresentações. “Eu até errei, sei disso, por ter sido conivente com a situação, mas esse dinheiro não era meu. Eu devolvia a diferença”, diz.Esses e outros casos vieram a público todos juntos, na terça-feira passada, Dia Nacional de Combate à Corrupção. Ao todo, o desvio de dinheiro é estimado em R$ 1 bilhão. Nos 13 estados onde aconteceu a operação contra a farra com dinheiro público, 101 pessoas foram presas.
Coordenada por promotores que integram o grupo de combate a organizações criminosas, uma megaoperação foi desencadeada em 13 estados.
O Fantástico mostrou, com exclusividade, detalhes das investigações da megaoperação.
Em Garanhuns, Pernambuco, quatro acusados foram presos na sala do Ministério Público. Entre eles, está Maria Emília Pessoa, ex-diretora do Hospital Dom Moura, o principal da região. Segundo as investigações, até o dinheiro para comprar remédios era desviado.
Ao MP, um homem disse que vendeu documentos pessoais por R$ 600 para que o grupo montasse uma empresa de fachada. “Nunca fomos [os donos da empresa]. Na verdade, nos foi dado R$ 600”, diz o marceneiro Jeferson Manoel da Silva.
Segundo os promotores, o grupo nem se preocupava em disfarçar o desvio do dinheiro público. Cheques de supostos fornecedores iam direto para a conta da quadrilha. Os promotores já identificaram 62 cheques desviados, que somam quase R$ 170 mil.