O papa Francisco pediu ontem simplicidade em sua mensagem para a Quaresma, os quarenta dias que antecedem a Páscoa. Para ele, o poder, o luxo e o dinheiro impedem a distribuição justa das riquezas. No texto do papa, divulgado pelo Vaticano, o principal tema é a pobreza material. “Quando o poder, o luxo e o dinheiro se convertem em ídolos, antepõem-se à exigência de uma distribuição justa das riquezas. Portanto, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à simplicidade e a compartilhar”, disse o papa.
andrew medichinni
Francisco defende justiça social no mundo regido pelo dinheiro
Francisco expressou preocupação em relação ao que chamou de miséria moral, que “consiste em se converter em escravos do vício e do pecado”, entre eles, do álcool, das drogas, do jogo e da pornografia. Para o papa, muitas pessoas são obrigadas a viver em miséria por condições sociais injustas e falta de trabalho, que as priva da dignidade por falta de igualdade e respeito pelos direitos a educação e a saúde.
De acordo com o pontífice, a Quaresma é o período adequado para que as pessoas ponderem a privação com o objetivo de enriquecer os outros com a própria pobreza. “Desconfio da esmola que não custa e não dói.”
A Quaresma deste ano começa com uma boa notícia para os católicos brasileiros. Uma freira que cuidou dos pobres e doentes na Amazônia poderá virar santa. O papa Francisco assinou, no final de janeiro, o reconhecimento das virtudes heroicas de irmã Serafina, da Congregação das Adoradoras do Sangue de Cristo, que já pode ser chamada de venerável, título que dá sinal verde à continuação do processo de beatificação e canonização. Falta agora a aprovação de um milagre, exigência da Congregação para as Causas dos Santos, para ela ser proclamada beata. Irmã Serafina morreu em 1988, com 75 anos, de leucemia.
“A aprovação de um milagre é o mais difícil, porque temos muitos relatos de graças alcançadas, mas sem as informações necessárias que possam levar à constatação de que são milagres”, disse irmã Marília Menezes, vice-postuladora da causa de irmã Serafina, em Belém. É difícil também conseguir o testemunho de médicos que trataram dos beneficiários de supostos milagres. “Os médicos sempre dizem terem receitado medicamentos que eventualmente teriam levado à cura, anulando a hipótese de milagre”, acrescentou irmã Marília.
Noemi Cinque, nome de batismo de irmã Serafina, entrou para o convento aos 33 anos, contrariando a vontade de seus pais. Em 1971, Serafina foi enviada para Altamira, no Pará. A freira acolhia em casa as gestantes e os doentes, quando o hospital da cidade não dava conta de interná-los. “Irmã Serafina atendeu também a população ribeirinha dos rios da Amazônia, onde era e continua sendo grande a incidência de leishmaniose, malária, anemia e hanseníase”, disse irmã Marília. Irmã Serafina atendia todos, mas ficou conhecida como Anjo da Transamazônica.
TRIBUNA DO NORTE