Na sala de aula, ela costuma ser chamada de bicho papão, pesadelo, "mais temida". Mas por lá, a matemática não passa de uma grande "brincadeira, só que brincamos com números”, diz uma menina.
Paulista, alto sertão da Paraíba. A cidade de 11 mil habitantes começou a se destacar no ensino da matemática após uma menção honrosa na Olimpíada Brasileira das Escolas Públicas em 2005. De lá para cá, a cidade conquistou prêmios em todas as edições das olimpíadas. A principal responsável por isso é a professora Jonilda Alves.
Há dez anos, Jonilda encarou o desafio de multiplicar o interesse pelos números entre os alunos. Para fugir do comum, criou, por exemplo, a aula prática no mercadinho.
“A gente transformou farmácia e pizzaria em sala de aula, para que eles vivenciem a matemática, para que eles saibam a utilidade da matemática”, explica a professora.
“A matemática é uma coisa do cotidiano, está presente em quase tudo que nós vivemos”, diz a estudante Larissa Ferreira
Os alunos se entusiasmaram e passaram a se preparar para as olimpíadas nos horários de folga.
Às 20h, como em muitas cidades do interior, as pessoas aproveitam para passar tempo na praça. Namorar, brincar, bater um papo com os vizinhos. Mas não na casa da professora. Lá, é hora da terceira atividade do dia: aula de reforço.
Jonilda faz uma exigência: 100% de presença. O exemplo está em casa. Aluno + filho da professora = cobrança². A equação deu resultado: Wanderson Ferreira foi o primeiro paulistense a ganhar a medalha de ouro na olimpíada.