De acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), por dia, cerca de 2 mil jovens são infectados por HIV em todo o mundo. Estimativas indicam que indivíduos de 15 a 24 anos somam mais de um terço de todas as novas infecções pelo vírus entre os adultos. Nessa mesma faixa etária, apenas 36% dos rapazes e 28% das jovens possuem informações precisas e claras sobre o HIV.
A situação é mais grave em países de média e baixa renda, onde 22 milhões de pessoas vivendo com HIV não têm acesso a tratamento adequado.
Em processo de elaboração participativa, ‘Declaração Política’ da ONU está recebendo contribuições de todos os Estados-membros. No Brasil, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) realizou nesta semana uma reunião com representantes da sociedade civil, da academia, dos governos estaduais e federal para discutir o documento.
Embora vulneráveis, em muitas nações, a população mais nova não é contemplada por políticas de combate ao vírus que incluem educação sexual e serviços de saúde reprodutiva.
A situação se agrava em países de média e baixa renda, onde 22 milhões de pessoas vivendo com HIV – e que deveriam receber terapia antirretroviral segundo padrões da Organização Mundial da Saúde – continuam sem acesso ao tratamento adequado.
Os números são do primeiro rascunho da Declaração Política sobre a epidemia de AIDS. Apresentado na semana passada, no dia 18 de abril, o documento vai ser revisado e aprimorado através de consultas junto à sociedade civil e ao setor privado que começam nesta semana.
Na segunda-feira, 25, o escritório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) no Brasil, em parceria com os ministérios da Saúde e das Relações Exteriores brasileiros, organizou uma reunião com representantes da sociedade civil, governos estaduais, academia e organismos da ONU para analisar o rascunho zero e fazer um levantamento das contribuições do país para o documento.
“O retorno que tivemos dos participantes é de que o documento está bastante forte e representativo e que agora o desafio será manter a linguagem de alto nível e a inclusão de todos os temas prioritários em um momento em que vemos uma onda de conservadorismo ganhar força ao redor do mundo”, disse a diretora do UNAIDS no Brasil, Georgiana Braga-Orillard.
Uma versão final da Declaração Política será apresentada em junho, durante reunião de alto nível da Assembleia Geral sobre o combate à epidemia de Aids.
Elaborado pelas representações permanentes da Zâmbia e da Suíça na ONU – países facilitadores do encontro previsto para junho –, o “rascunho zero” faz um balanço dos progressos já obtidos e alerta para os desafios que ainda precisam ser enfrentados para que o mundo consiga acabar com a epidemia até 2030.
No documento, as nações facilitadoras expressam preocupação com o fato de que, entre as 36,9 milhões de pessoas vivendo com HIV, 19 milhões não sabem seu status. Segundo o levantamento, cerca de 6 mil novas infecções por HIV ocorrem por dia. A maioria delas é verificada em países de média e baixa renda.
Indivíduos em situações de vulnerabilidade continuam enfrentando riscos ainda muito altos se comparados ao restante da população. Pessoas que utilizam drogas injetáveis têm chances 24 vezes maiores de contrair HIV. Esse é o mesmo risco registrado entre homens que fazem sexo com homens. Quando consideradas as pessoas trans, esse valor sobe para 49.
Apesar dos obstáculos, o documento elogia avanços, como a redução do número de mortes associadas à tuberculose entre pessoas vivendo com HIV. Desde 2004, óbitos registraram uma queda de 32% em geral, mas a diminuição chega a 50% quando avaliados os países com maior incidência de casos fatais.
A pesquisa considerou “excepcional” o progresso no combate às novas infecções entre crianças – reduzidas à metade nos países que, juntos, representavam 90% de todas as novas transmissões do HIV entre o público infantil.
De acordo com o documento, a comunidade internacional tem um “estreita janela de oportunidade” para conseguir implementar a Aceleração da Resposta à epidemia de HIV/AIDS – concebida pelo UNAIDS – até 2020.
O programa prevê a redução do número de novas infecções a menos de 500 mil por ano, além de incluir a disponibilização de tratamento para todos os que precisam de terapias antirretrovirais. Para cumprir essas metas, serão necessários ao menos 26 bilhões de dólares anuais em investimentos nos países de média e baixa renda.
A Declaração Política adotada na reunião da Assembleia Geral vai orientar e monitorar a resposta à AIDS até 2030 – marco da nova Agenda Global que inclui o fim da epidemia entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Nas próximas semanas, os Estados-membros devem negociar e finalizar o documento.
Fonte: ONU Brasil.