terça-feira, 10 de maio de 2016

Senado cassa mandato de Delcídio do Amaral, ex-líder do governo Dilma, por 74 a 0

Agência Brasil
O plenário Senado decidiu hoje (10), por 74 votos favoráveis e uma abstenção, cassar o mandato do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS). A votação aberta foi feita por meio de painel eletrônico.
Delcídio teve o pedido de cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar aprovado após um longo processo iniciado logo depois do senador ter sido preso, em novembro do ano passado, por obstrução da Justiça. O senador foi flagrado em conversa com o filho do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, oferecendo propina e um plano de fuga para que Cerveró não firmasse acordo de delação premiada com o Ministério Público no âmbito da Operação Lava Jato.
Para que o parlamentar perdesse o mandato eram necessários os votos favoráveis da maioria absoluta dos 81 senadores, ou seja, 41 votos.
Votação do impeachment
Antes de anunciar o resultado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) apresentou para os senadores os procedimentos da sessão para votar o parecer da comissão especial constituída para avaliar o afastamento da presidenta Dilma Rousseff por susposto crime de responsabilidade, marcada para amanhã (11).
Segundo Renan, a sessão marcada para iniciar às 9 h começa com as falas dos senadores inscritos por ordem de inscrição. “A palavra será distribuida por 15 minutos por cada orador. Temos que assegurar o tempo regimental de cada senador”, disse.
Os trabalhos serão suspensos em dois momentos, ao meio-dia e depois às 19h para que os senadores possam se alimentar ou fazer outras tarefas. “Guardamos os dois intervalos para preservar esse bloco [de senadores] que já passa dos 60 anos”, brincou Renan.
Até o início da noite desta terça-feira haviam mais de 50 oradores inscritos. Antes de encerrar a discussão da sessão de amanhã, o plenário terá as falas do relator do processo na Comissão Especial do Impeachment no Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG), e do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo.
Não haverá orientação de bancada e nem a participação dos autores do pedido. “A votação será feita pelo processo eletrônico de votação”, disse Renan.

DO EXTRA
Com a cassação do senador Delcídio Amaral o seu suplente já pode assumir naquela que é a sessão mais importante do Senado nos últimos 25 anos. Pedro Chaves dos Santos Filho, de 75 anos, é um empresário muito bem-sucedido do Mato Grosso, criador da Universidade para o Desenvolvimento do Pantanal (Uniderp), uma das maiores instituições privadas de ensino do Brasil. Chaves vendeu a Uniderp e outras quatro universidades por R$ 246 milhões para o grupo Anhanguera. Quando o grupo estrangeiro Fidelity Worldwide Investment comprou mais de 70% das ações da Anhanguera, Chaves também lucrou.
Pedro em uma de suas fazendas no Mato Grosso
Pedro em uma de suas fazendas no Mato Grosso Foto: Facebook / Reprodução
Em Campo Grande (MS), Chaves é uma figura influente da alta sociedade, dono, além das já citadas instituições de ensino, de fazendas e lojas. Tem amizade com o ex-presidente Lula e uma ligação familiar com o pecuarista José Carlos Bumlai, preso na Operação Lava-Jato: sua filha, Neca, é casada com o filho de Bumlai, Fernando.
Quando foi convidado para ser suplente do Senado em 2010, pelo Partido Social Cristão - o mesmo dos deputados Marco Feliciano e Jair Bolsonaro - ele não escondia a amizade com Delcídio. Em 2014, ele foi um dos coordenadores da campanha do senador ao governo do Estado de Mato Grosso do Sul - campanha perdida.
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À esquerda de Delcídio, quando coordenava a campanha do petista a governador do Estado Foto: Facebook / Reprodução
Em 2010, quando foi candidato ao Senado, Pedro Chaves apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) uma declaração de bens no valor de R$ 69 milhões - entre os bens, três apartamentos na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Ficha de Pedro Chaves no TSE: bens no valor de R$ 69 milh?es
Ficha de Pedro Chaves no TSE: bens no valor de R$ 69 milhões
O EXTRA fez contato para saber se Chaves votará contra ou a favor da admissibilidade do processo de impeachment, mas sua assessoria em Campo Grande disse que o empresário e professor iria aguardar a confirmação - ou não - da cassação de Delcídio para se pronunciar.

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