Marcelo Casal Jr.Rendimento recebido pelas mulheres varia de acordo com idade e grau de instrução, mas é bem menor que o dos homens
No Rio Grande do Norte, essa relação está um pouco acima da média nacional. Em 2010 a mulheres ocupadas ganhavam, em média, 79,4% do que recebiam os homens. Em 2000 essa proporção era de 69,3%.
O estudo mostra que em 2010, o rendimento médio das mulheres ocupadas era maior que o dos homens em 37 municípios potiguares. Com exceção de Macaíba e Goianinha, os demais têm menos de 12 mil habitantes. Em Pedra Preta o rendimento médio delas era 37,8% maior que o deles; em Goianinha 28,4%; em Janduís 22,3% e em Boa Saúde 22,3%. Em Natal, as mulheres ocupadas ganhavam 74,2% dos que recebiam os homens, ou seja: para cada R$ 100 pagos aos homens, as mulheres receberiam R$ 74,20 ocupando a mesma função no mercado de trabalho. Em Mossoró 71,8% e em Parnamirim 63,1%. A pior relação era em Currais Novos, pouco mais da metade (57,7%).
Na área rural do RN, o redimento médio das mulheres é equivalente a 76% do que recebem os homens enquanto na área urbana cai para 69%. Isso ocorre, segundo o IBGE, em função do peso que os benefícios previdenciários têm, especialmente no Nordeste.
Um detalhe curioso: em Goianinha, o rendimento médio das mulheres com 60 anos ou mais de idade, é três vezes maior que o dos homens.
Em 2000, 59,9% das mulheres ocupadas não tinham instrução ou, se frequentaram a escola, não chegaram a concluir o ensino fundamental. Apenas 6% tinham curso de nível superior. Dez anos depois, a proporção dos menos instruídos tinha caído para 45,6% e o de formados subido para 12,2%.
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O estudo constata que o rendimento médio da população ocupada aumenta com a idade para ambos os sexos, assim como a desigualdade de rendimento por sexo. “Em média, as jovens de 18 a 24 anos de idade recebiam 88,0% do rendimento dos homens, enquanto as mulheres de 60 anos ou mais de idade apresentavam um rendimento equivalente a 64,0% do rendimento dos homens nesta faixa etária. “O elevado percentual de mulheres como empregadas domésticas (15%) e uma taxa de formalização mais baixa no mercado de trabalho explicam, em parte, a característica de menor rendimento do trabalho das mulheres, apesar de elas apresentarem um nível de instrução mais elevado”, informa o IBGE.
Bate-papo - Hildete Pereira de Melo
professora da Universidade Federal Fluminense
Que análise a senhora faz dos dados divulgados pelo IBGE?
A apresentação dessas estatísticas é um passo importante para desvendar a desigualdade na sociedade brasileira. Algumas questões agora estão explicitadas: a grande vitória da mulher no século 20 foi a educação - começaram o século analfabetas e chegaram ao século 21 com educação maior do que a dos homens. Só que essas estatísticas permitem concluir que educação não é suficiente para a construção da igualdade.
Que dado chamou mais a sua atenção?
Nos anos de 1970, ouvia-se muito os homens dizerem que a mulher trabalhava para comprar supérfluos. Agora não. A renda das mulheres é quase a metade da renda dos domicílios (40%). As políticas públicas têm que dar conta dessa mudança e oferecer creches e escolas em tempo integral para que as crianças tenham onde ficar durante o horário de trabalho dos pais. Em 1978, houve um alerta feminista do movimento do Rio de Janeiro e a creche era a grande reivindicação. Ainda engatinhando nessa questão.
A pesquisa mostra também que a mulher negra sofre com a dupla desigualdade - a de gênero e a de cor. Como a senhora vê essa questão?
Os dados permitem mostrar que as mulheres também são desiguais. A desigualdade que passa pela questão do sexo fica mais aguda quando entra a questão da cor - a renda é menor, as condições de moradia são mais insalubres. A desigualdade de cor fica desnudada - há descriminação por sexismo e há descriminação racial.
Fonte: Tribuna do Norte
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