O clássico deste domingo (23) entre Potiguar de Mossoró e Baraúnas corre o risco de não acontecer em Mossoró. O motivo é a possível interdição definitiva do Estádio Nogueirão, que pode ocorrer ainda nesta quinta-feira (20). Segundo o Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte, a Liga Desportiva Mossoroense (LDM) descumpriu um acordo firmado entre as partes válido a partir da partida desta quarta (19) entre o Potiguar e o Corintians-RN, vencida pelo time de Caicó por 3 a 0.
Ao G1, o major Franklin explicou que como o estádio compreende uma área superior a 750 metros quadrados, deveria haver a instalação de hidrantes. Como não havia condições para isso de imediato, ficou acordado que o organizador do evento deveria ter uma brigada de incêndio, além de um caminhão-pipa com bomba para combate a possíveis incidentes. Quando chegamos ao local, não havia sequer o engate para que pudéssemos colocar as mangueiras no caminhão. Com isso, não liberamos o início da partida”.Segundo o major Franklin Araújo, comandante do 2º Subgrupamento do Corpo de Bombeiros, a LDM não apresentou as condições previstas para que o estádio fosse liberado. “Fizemos um termo de compromisso entre o Corpo de Bombeiros, a Liga Desportiva Mossoroense e os clubes, onde ficou acertado que a partida só aconteceria se houvessem as condições acordadas. Sem isso, não teria jogo. Nós só não esperávamos que eles fossem descumprir o acodado já no primeiro jogo”, disse o comandante.
De acordo com o comandante, desde 2010 a LDM está descumprindo termos de compromisso firmados para a utilização do Nogueirão. “Em 2010 houve o primeiro termo de compromisso pelo mesmo motivo e que não foi cumprido. Desde então, o estádio vem gradativamente sofrendo diminuição de sua capacidade como medida de segurança. O episódio desta quarta-feira foi o mais recente. Um dia antes, havíamos firmado um acordo, que foi informado ao Ministério Público, para que o estádio fosse liberado para receber jogos. Mais uma vez a LDM falhou em não cumprir o que foi acordado. Temos que pensar na segurança do torcedor”, disse Franklin.
O major informou que um relatório com os acontecimentos desta quarta-feira no Estádio Nogueirão será encaminhado ainda na manhã desta quinta para o comandante geral da corporação, coronel Elizeu Lisboa Dantas. Ele não descartou a interdição definitiva da praça esportiva. “Vamos enviar o relatório ainda hoje (quinta) para o comando da corporação. Conversei brevemente com o coronel Elizeu Dantas, que irá repassar nossas informações par ao promotor de Defesa do Consumidor José Augusto Peres, que dará o seu parecer. Pelos acontecimentos antes da partida de ontem (quarta), existe a possibilidade de não haver jogo em Mossoró já no domingo”, afirmou ele.
Entenda o caso
A partida entre Potiguar de Mossoró e Corintians-RN, válida pela 4ª rodada do Campeonato Potiguar, estava prevista para começar às 20h30 desta quarta-feira, mas teve um atraso de 40 minutos. De acordo com o tenente Daniel Farias, do 2º Subgrupamento de Bombeiros de Mossoró, o veículo presente no estádio Nogueirão não estava dentro dos padrões necessários para oferecer segurança a torcedores e jogadores. “O caminhão-pipa que estava lá não tinha a conexão para acoplar a mangueira de combate a incêndio. Trouxeram outro caminhão, que tinha essa conexão, mas não tinha pressão de água suficiente para garantir a segurança de torcedores e jogadores em caso de acidente. Então, foi feita uma adaptação no primeiro carro, que tinha a conexão e o problema foi resolvido”, explicou o tenente.
Na última sexta-feira (14), o estádio foi interditado pelo Corpo de Bombeiros, por recomendação do Ministério Público Estadual do Rio Grande do Norte. Segundo o promotor de Defesa do Consumidor, José Augusto Peres, a interdição se deu porque as adequeções solicitadas não foram atendidas. “Recomendei a interdição do Estádio Nogueirão ao Corpo de Bombeiros, que é órgão fiscalizador competente, porque as medidas para as adequações pedidas à Liga Desportiva Mossoroense não foram atendidas. A Liga não deu importância às medidas - disse José Augusto, que preside a comissão do Estatuto do Torcedor no MP-RN”.
“Tivemos uma reunião hoje (sexta-feira) com os representantes do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e os representantes da LDM para explicar que a recomendação corresponde ao que aponta os laudos técnicos do Bombeiros”, ratificou Peres.
“Tivemos uma reunião hoje (sexta-feira) com os representantes do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e os representantes da LDM para explicar que a recomendação corresponde ao que aponta os laudos técnicos do Bombeiros”, ratificou Peres.
Segundo o major Franklin Araújo de Souza, comandante do 2º Subgrupamento do Corpo de Bombeiros - Mossoró, o estádio não poderá receber a partida entre Baraúnas e ABC, nem sequer treinos podem ser feitos. O jogo foi adiado para o dia 26, ainda sem local definido. “O Nogueirão tem um projeto de proteção contra incêndios, emitido pelo Corpo de Bombeiros, que prevê a instalação de hidrantes, a melhoria na acessibilidade aos torcedores, um aumento no espaço entre as colunas e os lances de arquibancadas, mas não foi feita qualquer intervenção. Em reunião com o promotor de justiça, ele avaliou os laudos e foi recomendada a interdição do estádio. Como a LDM não atendeu aos pedidos de regularização, o estádio foi interditado “, lembrou.
Sobre o uso de medidas paliativas, o major Franklin Araújo enfatiza que é 'inviável' na atual condição do Nogueirão. “Anteriormente, em partidas com um público menor, houve a necessidade de medidas compensatórias, como a contratação de carros-pipa para a substituição dos hidrantes, mas desta vez não há o que fazer. Foi questionado para os representantes da LDM se em todos os jogos seria necessário o uso dessas medidas, o que seria inviável”, confirmou.
Francisco Braz, presidente da Liga Desportiva Mossoroense, admitiu que não há condições de executar as adequações solicitadas pelo Corpo de Bombeiros. “A promotoria mandou interditar o Nogueirão e o projeto pede muitas coisas. Se esse projeto for seguido ao pé da letra como está escrito, vai precisar derrubar o estádio e fazer outro. Não há condição de ser feita qualquer reforma. Eu pedi pelo menos 30 dias para nos ajeitarmos, para contornar a situação, mas a interdição é imediata”, falou.
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