Montante não engloba desembolsos estaduais, apenas os esforços da União para deslanchar a atividade no País
Se forem concretizadas as medidas anunciadas pelo governo federal, no fim do ano passado, para aprimorar a atividade portuária brasileira, os portos do País deverão receber, até 2015, investimentos de pelo menos R$ 31 bilhões. O montante não engloba, por exemplo, as diversas intervenções feitas pelas administrações estaduais para otimizar a movimentação em seus ancoradouros, como o governo cearense tem feito com o Porto do Pecém, que passa agora pela segunda etapa de sua ampliação.
Tamanha atenção destinada aos portos - tanto por parte do poder público quanto da iniciativa privada - não é em vão. Muito mais do que instrumentos que promovam o simples transporte de cargas, os equipamentos têm sido utilizados como verdadeiras alavancas para o desenvolvimento dos estados que abrigam esses equipamentos.
Ceará é referência
No Nordeste, os principais exemplos estão no Ceará e em Pernambuco, representados, respectivamente, pelos portos de Pecém e Suape. Nas duas unidades federativas, a capacidade de receber e enviar um volume excepcional de mercadorias foi responsável por atrair empreendimentos que dependem desse tipo de transporte, a exemplo da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e da refinaria Abreu e Lima, em Suape.
Segundo o diretor-geral Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Pedro Brito, as iniciativas dos dois estados têm servido como referência para outros estados da Região, que, ao seu modo, tentam replicar as duas experiências e ganhar mais força no cenário econômico nacional.
Participação
Em 2013, os portos do Nordeste transportaram 215,2 milhões de toneladas de carga bruta, o que equivale a 23,3% das 925 milhões de toneladas registradas em todo o País.
Apesar do potencial significativo, destaca o professor Bosco Arruda, do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), os portos de Ponta da Madeira e Itaqui, ambos no Maranhão, responderam por 57% do total de carga geral movimentado pelos portos nordestinos.
É pelas duas unidades que é escoado o minério de ferro extraído pela Vale. O professor ressalta que Pecém e Suape movimentaram, respectivamente, 2,94% e 5,97% da carga transportada no Nordeste. Já frente ao desempenho nacional, as participações dos terminais foram de 0,68% e 1,39%, respectivamente.
Para o diretor de Políticas e Estratégias da Confederação Nacional da Indústria, José Augusto Fernandes, o Nordeste representa, para investidores brasileiros e de outros países, "um potencial a ser explorado".
"Primeiro, o Nordeste tem uma estrutura de custo mais barata do que o resto do País, tanto em relação à mão de obra, quanto ao custo de terras, por exemplo", indica. Outro fator citado pelo diretor é o fato de a Região contar com portos relativamente novos - a exemplo do de Pecém -, os quais tendem a ter um nível maior de eficiência nas operações.
JOÃO MOURA
REPÓRTER
Diário do Nordeste
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