Vera Rosa - O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Em estratégia combinada com o Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a ex-senadora Marina Silva, que ficará na oposição ao governo Dilma Rousseff na eleição de 2014.
Na tentativa de neutralizar os ataques de Marina à política econômica e blindar Dilma, Lula provocou a ex-petista e afirmou que "ela deveria parar de aceitar com facilidade as lições que estão lhe dando".
Marina Silva tem atualmente um elo com ex-tucanos como o economista André Lara Resende, um dos idealizadores do Plano Real.
Após participar do ato de comemoração dos dez anos do Bolsa Família, ao lado de Dilma, o ex-presidente defendeu a gestão da economia, alvo de críticas de Marina, e mostrou irritação com comentários feitos por ela de que a marca do governo atual é o "retrocesso", seja na agenda de desenvolvimento sustentável ou na política.
Para desconstruir a dobradinha Campos-Marina, o plano petista, agora, é reforçar a imagem de Lula como avalista de Dilma e a marca da continuidade (mais informações na pág. A5).
O ex-presidente disse que Marina, ex-ministra do Meio Ambiente de seu governo até 2008, parece ter problema de memória ao apontar falhas na administração da economia.
"Ela deve estar apenas lembrando o período de 1994 a 1998, esquecendo-se de que, em 1998, a política cambial fez esse País quebrar três vezes", disse Lula, numa referência ao governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Mais tarde, em almoço com Dilma e ministros, no Palácio da Alvorada, Lula prometeu desmontar as críticas nas viagens pelo País. "Depois de desencarnar por quase três anos, estou voltando à atividade política. Me aguardem em Pernambuco!", anunciou ele.
O ex-presidente afirmou que não subiu ao palanque no Recife, na eleição do ano passado, para não constranger o então aliado Campos, provável candidato à sucessão de Dilma em 2014.
Na época, Campos e o PT se desentenderam e ele lançou candidato próprio à Prefeitura, que venceu a disputa.
"Mas agora eu vou fazer campanha lá. Não tem nada que me segure", avisou Lula. No dia anterior ele chamara Marina de "sombra" do governador e disse que poderia voltar a concorrer, em 2018, se enchessem o seu "saco".
Estadão/Jornal de Fato
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