O fornecimento de luz para a Copa do Mundo de 2014 está ameaçado em boa parte das cidades-sede, diferentemente do que vem sustentando o governo. É o que mostra um relatório da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), finalizado em dezembro e obtido pela Folha.
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A menos de um ano e meio da abertura dos jogos, mais da metade dos 163 empreendimentos necessários para garantir o fornecimento de energia está atrasada, segundo o documento.
Apenas 2 das 12 capitais que receberão partidas estão com as obras totalmente em dia: Fortaleza e Recife.
Em todas as demais --Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, Manaus, Cuiabá, Natal e Curitiba-- há atrasos em relação ao cronograma definido pelo governo.
Na lista de empreendimentos há novas linhas de transmissão e de distribuição, além da ampliação e da modernização de subestações de energia. As obras visam evitar apagões tanto nos estádios quanto nos aeroportos e nas ruas das cidades.
As capitais que mais preocupam são Porto Alegre, onde 25 das 26 obras, conduzidas pela concessionária CEEE, estão fora do prazo, e Brasília, que apresenta atraso em 10 dos 11 empreendimentos exigidos da CEB.
No caso da capital do país, o risco é que haja problemas já na Copa das Confederações, em junho deste ano.
Uma das linhas de distribuição que levarão luz ao Estádio Nacional Mané Garrincha, por exemplo, que deveria ser concluída em março deste ano, está prometida agora apenas para junho.
O estádio sediará a primeira partida do torneio, entre Brasil e Japão, no dia 15 de junho.
Em Porto Alegre, cidade com o maior número de obras atrasadas, a Aneel afirma que é "conveniente tomar medidas junto à concessionária".
Também merecem "especial atenção", segundo os técnicos da agência, Manaus, da concessionária Ame (50% de atraso); Rio, servida pela Light (41% de atraso); e Belo Horizonte, atendida pela Cemig (41% de atraso).
As obras necessárias para evitar apagões durante a Copa e os prazos de entrega foram definidos pelo grupo de trabalho "GT Copa 2014", em julho de 2011. Desde então, cabe à Aneel fiscalizar o cumprimento das determinações.
O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) chegou a dizer que o grupo foi criado apenas como uma "precaução a mais".
O documento da Aneel afirma que é necessária a "urgente aceleração do ritmo de implantação das obras". E prevê, aliás, a adoção de "soluções de engenharia alternativas" caso os empreendimentos não fiquem prontos. Elas não são especificadas.
O Ministério de Minas e Energia afirmou, por meio de nota, que "monitora a implantação das obras de distribuição" e que elas "estarão concluídas antes da Copa".
Ed. de arte/Folhapress | ||
As distribuidoras que atendem as cidades-sede da Copa do Mundo refutam o documento da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e defendem que as obras estarão prontas a tempo de atender a maior demanda que virá durante o torneio.
Nenhuma delas diz ser necessário um "esforço urgente" para compensar esses atrasos, conforme aconselhou a agência reguladora.
A CEEE, por exemplo, que atende moradores de Porto Alegre, diz trabalhar com prazo de conclusão maior que as demais empresas.
Apesar de aparecer descumprindo prazos, segundo a Aneel, a empresa diz que a cidade não irá sediar a Copa das Confederações, portanto concluirá as obras a tempo para a Copa, entre dezembro de 2013 e abril de 2014.
A Light (RJ) informou que já concluiu 3 das 5 obras que aparecem em atraso no relatório da Aneel. As duas obras em atraso, diz a empresa, também estão sob controle.
A Eletropaulo nega que haja atraso. "Das 23 obras, 12 estão concluídas, 9, em andamento, e 2, em processo final, no prazo estabelecido."
A Cosern (RN) informou que conseguiu concluir os projetos das obras e não irá prejudicar o cronograma.
Após adiar datas de 11 de suas obras, a mineira Cemig diz que concluirá todos os projetos em 2013.
Ao assumir atraso no cronograma inicial, a baiana Coelba diz que as obras serão concluídas com a do estádio --a previsão é fevereiro.
CEB, Cemat e Copel dizem ter encontrado dificuldades para conseguir o licenciamento ambiental. Esse seria um dos motivos para o atraso. As empresas defenderam que o problema não atrapalhará o fornecimento na Copa.
A Ame (AM) não comentou os atrasos.
Colaborou JULIA BORBA, de Brasília
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