Yokohama - Mudança climática não é um problema para o fim do século. Acontece agora, causando impactos no ambiente e nos seres humanos em todos os continentes e através dos oceanos. No futuro, amplificará os riscos já relacionados ao clima e criará novas ameaças para os sistemas naturais e humanos. E, por enquanto, o mundo está muito pouco preparado para lidar com a situação. Em poucas palavras, esse é o quadro pintado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) na segunda parte do seu quinto relatório, em Yokohama, no Japão.
luis moura
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A mensagem está presente no Sumário para Formuladores de Políticas, uma introdução não técnica do documento de mais de 2 mil páginas e 30 capítulos, que trata dos impactos, adaptação e vulnerabilidade às mudanças climáticas. Com a constatação de que o mundo já está pagando a conta pelas emissões desenfreadas de gases do efeito estufa ocorridas desde a Revolução Industrial, o relatório aponta que ainda há oportunidades para lidar com os riscos. Na maior parte dos casos, medidas sérias de adaptação podem fazer com que riscos que seriam de alto nível, se nada for feito, sejam médio ou baixo.
No entanto, quanto mais tempo se levar para fazer isso, a dificuldade vai aumentar, assim como os custos. “Magnitudes crescentes de aquecimento aumentam a probabilidade de impactos severos, generalizados e irreversíveis”, afirma o sumário. E haverá um limite além do qual talvez não haja mais o que fazer.
“A mensagem mais importante do relatório é que a gestão da mudança climática é um desafio de gerenciamento de riscos. Vemos uma ampla gama de possíveis resultados - alguns deles muito sérios. E vemos as mudanças climáticas interagindo com outros fatores, muitas vezes agindo como multiplicador das ameaças”, disse ao Estado o pesquisador americano Chris Field, co-chair do Grupo de Trabalho 2, que elaborou o texto. E completa: “O problema real não é se teremos 2ºC ou 3ºC de aquecimento, mas se uma seca, por exemplo, vai aumentar a propensão a incêndios - que, uma vez que começam, se estendem por milhares de quilômetros quadrados.”
TRIBUNA DO NORTE
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