O Governo do Estado, através da Secretaria de Educação, decidiu que vai cortar o ponto dos professores que aderiram à greve, iniciada nesta quarta-feira (29). O secretário adjunto de Educação, Joaquim Oliveira, afirmou que a decisão já está tomada pela secretária Betânia Ramalho e que não há motivos para negociação com os profissionais.
Emanuel Amaral
Floriano Cavalcante: professores aderiram à paralisação por tempo indeterminado. Ontem, alunos ficaram sem aulas nos dois turnos
O desconto dos salários deve ser feito na folha de fevereiro, uma vez que a folha de janeiro já está fechada. De acordo com o levantamento realizado junto às Diretorias Regionais de Educação a adesão a greve tem sido baixa principalmente no interior. Nas regionais de Mossoró, Currais Novos, Apodi e Pau dos Ferros, por exemplo, o índice se aproxima de zero.
Em Natal, que tradicionalmente apresenta um maior número maior de professores que aderem ao movimento, mais de 65% das escolas funcionaram normalmente, com adesão zero. Em 25%, a adesão foi parcial, com a paralisação das aulas em determinados turnos. Somente 10% das unidades deixaram de funcionar completamente.
Na terça-feira, 28, os professores se reuniram em assembleia e decidiram paralisar os serviços a partir do dia seguinte, sob a justificativa de que acordos firmados com o Governo no ano passado não foram cumpridos. Por outro lado, Joaquim Oliveira garante que todos os pontos acordados estão sendo cumpridos e que, no caso dos três projetos de lei cobrados pelos professores, “resta esperar” pelo retorno das atividades da Assembleia Legislativa.
“Os projetos estão prontos para a votação, mas é necessário que a Assembleia retome os trabalhos, o que está previsto para 15 de fevereiro. Entendemos que não há motivos que justifiquem a greve e já é oficial que haverá o corte no ponto dos professores que não foram às salas de aula”, declarou o secretário adjunto.
Questionado se o Executivo não buscaria um acordo para evitar o prolongamento da greve, o secretário disse que não caberia ao Governo buscar um acordo porque a paralisação teria sido deflagrada sem nenhum debate junto à Secretaria de Educação. A secretária de Estado da Educação, Betânia Ramalho, está em viagem e retornará a Natal na sexta-feira (31). A coordenadora do Sindicatos dos Trabalhadores em Educação, Fátima Cardoso, explicou que nove pontos de pauta pactuados em 2013 não estão sendo cumpridos. O Sinte convocoou nova assembleia para a segunda-feira (3).
Escolas paradas
No primeiro dia de greve dos professores da rede estadual de ensino, as unidades abriram suas portas. Mas a maioria das salas de aulas não tinham professores. Das quatro escolas visitadas pela TRIBUNA DO NORTE, duas não tiveram nenhuma aula. Nas outras instituições, apenas os primeiros horários do dia foram cumpridos. A Seec ainda não tem um balanço que mensure o impacto da paralisação na rede estadual de ensino.
Os alunos da Escola Estadual Luis Soares, na zona Oeste de Natal, ainda não sabem quais matérias terão atrasos. Ontem, as aulas aconteceram até às 9h30 para os estudantes do 6º ao 8º ano. Já as turmas do 9º ano não tinham nenhum professor. A diretora, Sânzia Barreto, conta que ainda não sabe quantos servidores paralisaram. “Alguns vão continuar trabalhando, porque estão em estágio probatório ou não podem pagar os dias parados com aulas aos sábados”, relata.
A professora Carla Roberta Duarte é um exemplo. “Como estou em estágio probatório, não quero arriscar”, coloca. O estudante John Everton, de 12 anos, faz o 7º ano e diz que entende as reivindicações dos grevistas mas lamenta não ter tido aulas em todos os horários. A única aula que ele assistiu foi a de Artes.
TRIBUNA DO NORTE
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