Os acusados de liderarem um esquema de desvios no setor de precatórios do Tribunal de Justiça do Estado, George Leal e Carla Ubarana, foram retirados ontem de suas celas, após solicitação do Ministério Público Estadual, para prestarem depoimento. Até o fechamento dessa edição o casal não havia retornado para os respectivos centros de detenção. A informação foi confirmada por cinco fontes no sistema prisional e na Polícia Militar e pelo advogado Felipe Cortez, que disse não ter sido informado acerca do local para onde os dois foram levados e nem acerca dos motivos da saída.
A única fonte a negar a retirada dos dois presos foi o próprio Ministério Público Estadual. A promotora Patrícia Antunes afirmou, segundo a Assessoria de Comunicação do MPE, que não tinha conhecimento da movimentação dos presos. De acordo com fontes do jornal, o documento que oficializou a saída dos presos foi assinado pela própria Patrícia Antunes. O advogado Felipe Cortez, que disse não ter sido informado da saída dos presos, anunciou que irá renunciar à causa.
"Estive com George na noite de ontem (segunda-feira) e não fui informado de nenhuma saída. Liguei hoje para o presídio e confirmaram os fatos. Acho que houve quebra de confiança e amanhã (hoje) mesmo vou renunciar à causa", afirmou Felipe Cortez. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE entrou em contato com outro advogado que atua na defesa do casal Ubarana. Marcos Braga também disse não ter informações sobre para onde o casal foi levado e nem o motivo da saída.
Fontes do jornal relataram que George Leal sabia desde a noite da segunda-feira do compromisso. Ele chegou a pedir calças e sapatos à direção do presídio Raimundo Nonato. Às 06h30, dois carros do Bope chegaram à unidade prisional para buscar George. Os policiais foram acompanhados de membros do Ministério Público Estadual, ainda de acordo com fontes. Carla Ubarana saiu do pavilhão feminino do Complexo Penal João Chaves logo em seguida. Caso os dois não tenham retornado à prisão na noite de ontem, os responsáveis pelos centros de detenção devem enviar um ofício ao juiz da 7a. Vara Criminal, José Armando Pontes, informando acerca da ausência do casal.
Carla Ubarana e George Leal ficaram em silêncio durante a primeira rodada de depoimentos ainda durante a Operação Judas, no dia 31 de janeiro. Ontem, especulava-se a possibilidade de uma delação premiada para o casal. A delação premiada é um procedimento através do qual os acusados colaboram com as investigações em troca da diminuição de uma possível pena. "Nunca nenhuma autoridade sequer falou em delação premiada comigo", nega Felipe Cortez.
A Operação Judas gerada a partir de fortes indícios de desvio de recursos no setor de precatórios, começou ainda em janeiro, com a exoneração de Carla Ubarana. Carla era a chefe do setor e a principal suspeita de ter desviado dinheiro repassado por prefeituras e o Governo do Estado, além da União. Uma comissão para averiguar o que de fato havia acontecido foi instalada no dia 10 de janeiro. Treze dias depois a presidente do TJ, Judite Nunes, entregou ao Ministério Público Estadual um relatório que serviria de base para uma investigação mais aprofundada. Além do MPE e do próprio TJ, o Tribunal de Contas do Estado realiza uma inspeção extraordinária para quantificar o montante final dos desvios.
O Ministério Público Estadual, com auxílio dos agentes da Polícia Civil, cumpriu seis mandados de prisão, busca e apreensão foram expedidos pelo juiz Armando Pontes, em substituição na 5ª Vara Criminal, contra a servidora do TJ, Carla de Paiva Ubarana Araújo Leal; George Luís de Araújo Leal, esposo de Carla; Cláudia Suely Silva de Oliveira Costa, funcionária particular de Carla e George; Carlos Eduardo Cabral Palhares de Carvalho, amigo do casal; Pedro Luís Silva Neto, servidor do Banco do Brasil e Carlos Alberto Fasanaro Júnior, amigo do casal. Pedro Luís Neto não foi incluído na denúncia. Foi considerado inocente, portanto.
FONTE:TRIBUNA DO NORTE
Nenhum comentário :
Postar um comentário