terça-feira, 6 de agosto de 2013

Com hospitais lotados, Rosalba pede que servidores encerrem greve


Da redação Natal

Fotos: Frankie Marcone

A governadora Rosalba Ciarlini pediu nesta segunda que os servidores da saúde encerrem a greve e retornem ao trabalho. A gestora estadual se emocionou durante entrevista concedida à Intertv Cabugi ao ver o desabafo de um pai que perdeu o filho por falta de leito de UTI. Os três principais postos de saúde da capital e da Grande Natal estão lotados.

A governadora fez um apelo aos grevistas, em greve desde o dia 1º de agosto, para que usassem o "espírito humanitário" e negociassem a pauta de reivindicações com a greve encerrada. Ao ouvir o depoimento de um pai que perdeu o filho sem o atendimento em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nas Rocas, Rosalba se emocionou. "Eu sou mãe, ver uma coisa dessa é muito doloroso", disse.

Rosalba culpou a burocracia e a falta de recursos para a estruturação da saúde pública do Rio Grande do Norte. Ainda sobre a saúde, Rosalba afirmou que o esforço tem sido feito, mas não tem sido possível dar respostas mais rápidas. Em nota (ver íntegra abaixo), o Sindsáude afirmou que tentou negociações durante mais de dois meses com o governo.

"Durante mais de dois meses, nosso sindicato tentou em vão uma negociação com a Secretaria de Administração, que chegou a dizer que 'não tinha agenda' para receber os servidores", diz a nota. O Sindsaúde informa ainda que mantém 30% dos servidores trabalhando, como determina a lei e repudia "a tentativa da governadora de colocar a população contra a greve".

Postos
Com a greve dos servidores, as três principais unidades médicas públicas de Natal e da Grande Natal seguiam lotadas. No Hospital Santa Catarina, na Zona Norte, a espera era grande e havia pessoas há quase 24h buscando atendimento ou mesmo informação. Um estudante conseguiu internamento para a mãe apenas com um decisão judicial.

No Hospital Walfredo Gurgel, os corredores estavam lotados. Segundo pacientes, além da falta de pessoal, muitos instrumentos usados para curativos estavam em falta. Do lado de fora, ambulâncias do Samu aguardavam a liberação de suas macas para seguir os atendimentos. Sem poder atuar, os profissionais ficavam esperando a liberação das macas. Enquanto isso, pacientes chegavam em viaturas dos Bombeiros, que auxiliava nos atendimentos. Na tarde de hoje, pelo menos sete ambulâncias estavam paradas sem ter como prestar auxílio.

A mesma situação foi vista no hospital Deoclécio Marques, em Parnamirim. Segundo a técnica em enfermagem Margarida Gabriel, os corredores estão lotados e não se tem mais condições de receber pacientes. O hospital está atendendo apenas casos de urgência.


Nota do Sindsaúde

"Em entrevista à InterTV Cabugi, na manhã desta segunda-feira, 5 de agosto, a governadora Rosalba Ciarlini se dirigiu aos servidores da saúde e pediu que estes encerrem a greve, iniciada no dia 1º, e retornem ao trabalho.

A governadora apelou “ao espírito humanitário” dos servidores e sugeriu uma “negociação sem greve”.

O Sindsaúde-RN vem a público esclarecer que:

1. A causa da crise na saúde do RN não é culpa dos servidores e muito menos da sua greve. A própria reportagem da emissora exibiu o caos na saúde pública e reclamações de usuários, como falta de lençóis, de esparadrapos, de leitos e de atendimento. A verdade é que o governo já faz todos os dias uma greve na saúde, um boicote criminoso contra a população. Boicote esse que começa com a falta de 1.859 servidores na saúde do estado e de 600 médicos e que provoca mais de 200 mortes todo mês, só no Walfredo Gurgel.

2. O governo não negociou até agora. A governadora convoca os servidores a “negociarem sem greve”. Essa súbita disposição de negociação da governadora é no mínimo duvidosa. Durante mais de dois meses, nosso sindicato tentou em vão uma negociação com a Secretaria de Administração, que chegou a dizer que “não tinha agenda” para receber os servidores.

Caso a governadora tivesse o “espírito humanitário” que agora nos pede, teria nos recebido e negociado, para evitar a greve. A reunião só foi marcada após a greve e uma grande passeata com a ocupação da secretaria, mostrando que esse é o caminho para conquistar nossos direitos.

3. Na entrevista, a governadora, sobre a crise com o Tribunal de Justiça, afirmou que a lei “não se discute, se cumpre”. Sendo assim, não entendemos porque não cumpre a Lei Complementar 475, do Plano de Cargos? A lei não vale para os servidores? A lei só vale para os fornecedores e para a Fifa?

4. A greve é um direito dos trabalhadores. Temos cumprido o que determina a lei, mantendo os 30% dos servidores do estado trabalhando e o atendimento de emergência. Sendo assim, os servidores da saúde continuarão em greve.

Todos os dias colocamos em prática o nosso espírito humanitário, trabalhando em cenários de guerra, sem as menores condições, em longas jornadas e com muitos de nós recebendo salário-mínimo.

Repudiamos a tentativa da governadora de colocar a população contra a greve.

Natal, 05 de agosto de 2013

Sindsaúde-RN
Sindicato dos Servidores da Saúde do Rio Grande do Norte"

Jornal de Fato

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