A descontração e
o desejo de um 2013 mais próspero dominaram o sentimento das pessoas
que se concentraram nas praias urbanas do centro para acompanhar a
queima de fogos. Único destino onde a programação de réveillon foi
realizada na íntegra, com apresentações musicais e show pirotécnico, a
Praia do Meio e a Redinha reuniram cerca de 200 mil pessoas segundo
estimativas da Polícia Militar.
Quem chegou cedo na Praia do Meio ou na Redinho conseguiu garantir um bom lugar para acompanhar o espetáculo pirotécnico, caso do policial militar Ricardo Luiz da Silva, 39, que chegou com a família às 20h no mirante da avenida Getúlio Vargas, em Petrópolis. "A vista é especial daqui de cima. Todo ano a gente vem pra cá e se confraterniza assistindo o espetáculo", disse Ricardo.
Para Rita de
Cássia da Silva, esposa do policial, diante de todas as dificuldades que
Natal enfrentou em 2012, ela deseja que o ano novo seja de renovação.
"Desejo muita paz para todos. É lamentável a situação dessa capital tão
linda, mas assim como eu desejo um ano de muita saúde para a minha
família, desejo também para a cidade, em todas as áreas", declarou.
A família de
Fábio Bandeira, 38, também se preparou para receber 2013 de braços
abertos. Casado com Flávia dos Santos, de 25 anos, o casal de
comerciantes trouxe a pequena Sthefani, de 5 anos, para assistir a
queima de fogos da Ponte Newton Navarro. A família Bandeira trouxe toda a
provisão necessária: champanhe, cerveja, refrigerante e salgados. "É
ano de celebração, ainda mais quando a família receberá um novo membro",
disse Flávia, grávida há três meses.
Segundo o major
PM Castello Branco, responsável pelo policiamento da área na Operação
Réveillon, a noite foi tranquila nas praias do Meio e do Forte durante
toda a noite e madrugada - o registro de ocorrências foi mínimo. Quanto
ao trânsito, agentes da Semob e da polícia rodoviária estadual (CPRE)
orientavam as pessoas estacionarem o carro distante do local dos
eventos.
Emanuel Amaral
Maine Letícia foi o primeiro bebê a nascer no RN em 2013
Primeiro bebê
Aos 33 minutos
de 2013 nasceu o primeiro bebê do ano em Natal. A pequena Maine Letícia,
filha de Lisandra Farias, 19, veio ao mundo antes do previsto no setor
de obstetrícia do Hospital José Pedro Bezerra (Santa Catarina), na zona
Norte da capital potiguar.
A mãe precisou
viajar por duas horas do município de Guamaré, litoral Norte do RN, até
Natal. Para a avó da criança, Laíse Cristine Farias, de 36 anos, Maine
chegou trazendo alegria e emoção. "A bisavó dela está lá, em Guamaré,
super contente. Acreditamos em um 2013 muito próspero. Esse nascimento
traz esperança para um ano de muita paz e vitória", disse.
De acordo com a
avó, a previsão de nascimento da neta era para o dia 17 de janeiro; mas
Maine Letícia acabou se tornando a primeira criança a nascer no Estado
este ano.
Desanimação em Ponta Negra
Comerciantes e
turistas já sabiam da possibilidade do réveillon de Ponta Negra ir por
água abaixo. Mesmo assim, quando o Governo do Estado anunciou o
cancelamento da queima de fogos no início da tarde do dia 31, a decepção
foi geral. Muitos não aceitaram o fato de que a festa, há muito
esperada, não iria ocorrer. Outros ficaram sem opção: ou aproveitavam a
estrutura precária, ou voltavam para casa. Por isso, na noite de ano
novo, a praia não ficou vazia. O sentimento dos presentes, no entanto,
era de frustração.
Foi o caso do
grupo de amigos vindo de Campinas (SP), cuja viagem para Natal estava
programada há mais de 6 meses. As parcelas do pacote turístico, pagas
com muito esforço, saiam do bolso com prazer - a intenção era virar o
ano em uma das cidades mais bonitas do Brasil. "Quando chegamos aqui
ficamos muito tristes. Lixo na orla, calçadão deteriorado e nada de
programação cultural", lamentou Ana Paula Santos, uma das integrantes do
grupo.
O que incomodou
mais os paulistas, no entanto, foi o cancelamento da queima de fogos.
"Só ficamos sabendo do cancelamento quando chegamos aqui. É triste, mas
não vamos deixar que o nosso réveillon naufrague, apesar da decepção",
contou Aluízio Almeida, colega de Ana Paula.
Decepção era a
palavra comum a todos os depoimentos colhidos em Ponta Negra. Por volta
das 20h, ambulantes começaram a montar suas barracas, com poucas
expectativas. Seu Ceará, vendedor de bebidas, disse que investiu R$ 2
mil em produtos e mesas para receber os clientes, mas que não alimentava
qualquer esperança de lucrar. "Trabalho aqui há 9 anos e nunca vi
acontecer nada igual. Se eu soubesse disso antes, não teria tanto
prejuízo".
O mesmo
sentimento era compartilhado por Ilda Cristina, funcionária de um
restaurante tradicional de Ponta Negra. Ao longo do dia, após a notícia
do cancelamento da festa, reservas de mesas feitas com meses de
antecedência eram canceladas. "Tivemos que baixar os preços, e temos
consciência de que será um réveillon perdido", contou Ilda. A reserva no
restaurante dava direito ao buffet, bebidas grátis e música ao vivo.
Quando os clientes ligaram dizendo que preferiam cancelar e ir para
outras praias, já sabia que parte da comida preparada para aquela noite
iria para o lixo.
Para o lixo
também foi o dinheiro do casal Rogério e Danusa Barbosa, vindo de
Mossoró. Desolados com a situação da praia de Ponta Negra, eles disseram
ter conhecimento do caos em que Natal havia mergulhado, mas que não
estavam preparados para tanto descaso. "Vamos voltar pra casa antes da
meia-noite, não dá pra ficar aqui", lamentaram. A medida em que a hora
da virada ia chegando, mais pessoas escolhiam Ponta Negra para saudar
2013. Boa parte, no entanto, alegava não ter outra saída. "Gastei
dinheiro pra vir até aqui, então vamos celebrar o novo ano aqui, mesmo
que não seja do jeito que a gente esperava", contou um casal vindo do
Rio de Janeiro. À meia-noite, a queima de fogos ficou por conta dos
hotéis, que fizeram a alegria dos visitantes decepcionados.
Um dos motivos
alegados para que o Ministério Público pedisse o cancelamento da queima
de fogos em Ponta Negra foi o estado do calçadão. Destruída pela força
das marés e negligenciada pelo poder público, a estrutura oferecia
riscos reais de acidentes à população. Em virtude disso, a Justiça
Federal determinou o isolamento de três trechos da área, medida que não
foi cumprida nem pela Prefeitura nem pelo Governo do RN, que havia se
prontificado em arcar com os custos da festa. Durante toda noite e
madrugada, as áreas de risco eram acessadas facilmente pelos visitantes.
No dia seguinte, as críticas de quem apostou na cidade
A virada do ano
novo foi percebida de maneira diferente, pela população e por
comerciantes, nos três principais pontos de concentração de público na
orla urbana da capital potiguar. Em Ponta Negra, na Praia do Meio e na
Redinha a única coisa em comum foi o acúmulo de lixo espalhado à beira
mar e nas calçadas.
Principal
cartão principal da cidade, tendo o imponente Morro do Careca como
moldura, Ponta Negra amargou com o descaso do poder público:
comerciantes reclamaram do baixo faturamento, turistas reclamaram da
falta de opções, natalenses reclamaram do abandono da praia e todos
reclamaram do lixo e da falta de iluminação. "A situação tá complicada,
botaram tudo a baixo, não teve festa e foi difícil vender. Espero que
neste ano novo façam alguma coisa pela gente aqui", disse o vendedor de
cocos Manoel Manuelito, 68, que há 40 anos trabalha na praia.
Na manhã de
ontem, a vendedora Josenilda Maria de Oliveira, 37, estava "virada" e
pela manhã já aprontava seu ponto para receber os clientes diurnos.
"Muitos comerciantes ficaram sabendo do cancelamento em cima da hora,
investiram em mercadoria e tiveram prejuízo". Ela explicou que a falta
de iluminação para o lado da Via Costeira prejudicou ainda mais o
movimento. "Apesar da Prefeitura não ter feito o réveillon, cada um
trouxe seus fogos para fazer a festa", resume.
Ionaldo Cardoso
de Oliveira, 37, 15 anos trabalhando como vendedor em Ponta Negra foi
enfático: "Acaram com o réveillon daqui, e vai dar trabalho reverter.
Está todo mundo revoltado, reclamando muito". A dupla de ambulantes
Felipe da Costa Ferreira e Paulo Daniel Santos da Silva, ambos de 17
anos, tentaram repetir o êxito do ano passado sem sucesso. "Se o
movimento fosse bom tinha vendido tudo. Na virada passada apuramos R$ 2
mil, este ano ganhamos 100 conto", disse Felipe desolado.
A insatisfação
também estava estampada no semblante do casal Luizmar Soares Rodrigues,
58, e Vera Lúcia Simas Figueiredo, 53. Eles vieram de Brasília visitar
parentes e amigos, e ficaram horrorizados com a situação da praia.
"Venho aqui há 30 anos, mas esta foi a última vez. Além da praia
destruída, os hotéis da Via Costeira estão cobrando estacionamento (R$
15) e obrigando a pagar taxa de festa de réveillon mesmo para quem não
quer participar", desabafa o comerciário. "A gente gosta da cidade, mas
está complicado. Para andar aqui não basta apenas o protetor solar, tem
que ter um protetor de nariz pra suportar o mau cheiro do lixo".
Para tentar
reverter a imagem de sujeira que domina a paisagem, o gari Josuel Xavier
de Lima, 43, que há 25 anos trabalha na Urbana, informou que uma equipe
com 15 pessoas chegou às 6 horas da manhã para iniciar a limpeza da
praia - serviço que antes era realizado pela terceirizada Marquise.
"Hoje (ontem) o bicho vai pegar", disse sem interromper o trabalho.
Ronaldo Silva,
responsável pela equipe da Urbana, acredita que "se tivesse tido festa,
com a estrutura que tenho, a limpeza poderia levar até quatro dias para
ser concluída". A expectativa, segundo Silva, é que o serviço na orla de
Ponta Negra volte a ser feito pelas empresas terceirizadas.
Dois acidentes pela manhã na volta para casa
Nas primeiras
horas da manhã deste dia 1º de janeiro, dois carros se envolveram em um
acidente relativamente simples no início da Via Costeira em Areia Preta.
Desgovernados saíram da pista, mas ninguém foi gravemente ferido. O
acidente mais grave aconteceu pouco antes das 8h, na Av. Eng. Roberto
Freire, próximo à rótula de acesso à Via Costeira, onde um Peugeot 307
placas MYY 8091 de Natal, conduzido por Leonardo Sales perdeu o controle
ao colidir com outro carro, bateu em um poste e capotou.
Apesar da
gravidade do impacto, o motorista sofreu apenas ferimentos leves devido o
equipamento de segurança 'airbag' e foi socorrido pelo Samu. O local do
acidente permaneceu isolado para que a energia elétrico fosse cortada
para a remoção do poste quebrado.
TRIBUNA DO NORTE
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