A equipe de reportagem do JORNAL FOLHA REGIONAL percorreu cerca Cinco
mil quilômetros quadrados, equivalente a quase 10% da área do estado, da
região do Alto Oeste do RN. A missão da expedição é a de relatar a Seca
na região e registrar depoimentos de moradores e governantes das zonas
onde mais falta água: o bem de necessidade humano mais valioso para a
existência.
É impossível não perceber que tudo ao redor dos trechos das rodovias BR
405 e RN 226 que cortam a região está seco. A mata com aspecto de
caatinga se prolifera nesse período e a fauna sofre com a sede e a
escassez de alimentos. Já os sertanejos, estes estão em situações
precárias. Seus rebanhos, plantações e sustento estão comprometidos com a
falta de água para supri-los. O gado morre de fome e de sede. “Faz
muito tempo que aqui não tinha uma estiagem dessas, dessa forma se não
chover até janeiro, esse ano que entra vai ser um ano de muito aperto. A
gente torce para que chova, para que esta terra tão boa possa dar os
frutos do trabalho humano, pois sem água todo o esforço é vão”.
Salientou um sertanejo local.
O governo do RN decretou Estado de Emergência para ajudar as pessoas
que habitam nas zonas atingidas. Nos 37 municípios do Alto Oeste, todos
incluídos na lista do decreto que vigora até abril de 2013, cerca de 240
mil habitantes estão sofrendo os efeitos da maior Seca dos últimos 40
anos. Com o formulo, o governo pode agir nas necessidades imediatas da
população e cerca de R$ 10 milhões já foram garantidos para combater a
estiagem, sendo contratados mais carros-pipas, insumos para alimentação
de rebanhos e recuperação de poços artesianos.
Porém há muita queixa por parte dos moradores das regiões sofridas que
alegam não estarem recebendo os benefícios que o governo deveria
repassar. No município de Serrinha dos Pintos, a reclamação é uma só: a
adutora que o governo do estado está construindo na região não
beneficiará os três municípios da Serra: Portalegre, Serrinha dos Pintos
e Martins.
Conversamos com o secretário de assistência social da cidade, Gilmar
Vieira de Morais e o mesmo está muito preocupado com a situação. Com
receio que falte água nas cidades serranas do Alto Oeste, ele critica a
ausência dos municípios na lista de beneficiados da adutora. “O governo
deveria ter aumentado a capacidade de armazenamento do açude de Martins e
aproveitar a gravidade da serra para bombear naturalmente a água para
as demais cidades. O atraso todo dessa obra é a viabilidade das estações
de bombeamento que tem um custo altíssimo para levar as águas pelas
tubulações da adutora. Sem contar que nós ficamos de fora, por a água
não ter como subir até aqui. Os nossos reservatórios atuais não
comportam o consumo de água sem abastecê-los e estão com seus níveis
críticos.” Salientou o secretário.
Essa obra, cujo investimento foi de R$ 122 milhões, do Governo do
Estado, por intermédio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos (SEMARH) destina-se não somente ao abastecimento de
água da população de vários municípios do Alto Oeste do RN, mas servirá
também para minimizar as dificuldades causadas em períodos de estiagem
como o que assola a região atualmente. O governo trabalha para levar
água do Açude de Pau dos Ferros e da barragem de Santa Cruz do Apodi em
Apodi, através da Adutora Alto Oeste, para as demais cidades da região. A
Adutora do Alto Oeste é composta de dois sistemas independentes. Com a
água da barragem de Santa Cruz serão beneficiadas as cidades de Itaú,
Rodolfo Fernandes, Tabuleiro Grande, Riacho da Cruz, Umarizal, Olho
D’água do Borges, Lucrécia, Frutuoso Gomes, Antônio Martins e João Dias.
Com a água proveniente do açude de Pau dos Ferros, serão beneficiadas as
cidades de Luís Gomes, São Francisco do Oeste, Rafael Fernandes,
Marcelino Vieira, Pilões, Alexandria, Tenente Ananias, Riacho de
Santana, Água Nova, José da Penha, Major Sales, Paraná e Pau dos Ferros.
Aquém das críticas, a obra está sendo tocada e em fase de entrega para
os próximos 90 dias. De acordo com o secretário de recursos hídricos do
RN, Gilberto Jales, “abastecer a população é um dos compromissos do
Governo do Estado e todos os esforços são feitos nesta perspectiva. As
estações de bombeamento instaladas ao longo da adutora já estão prontas e
a instalação de tubos avança a ritmo acelerado. A transformação do
ambiente já é possível de ser vista por todos que passam pela estrada
que corta a região”.
Mesmo com a afirmação do secretário da SEMARH, o município de Luiz Gomes
está a mais de 300 dias sem água e sendo abastecido por carros pipas
que levam água dos municípios de Água Nova e Major Sales para a cidade
que mais sofre com a seca na região. O índice dos reservatórios por lá
baixou até zero e a população local carece de assistência imediata e
eficaz do governo.
Os dados meteorológicos, segundo a EMPARN (Empresa de Pesquisa
Agropecuária do Rio Grande do Norte), são preocupantes e um estudo
recente apontou que não ocorrerão melhoras em comparação com os índices
de precipitação até agora mensurados, ou seja, não há previsões para
quando vai chover novamente na região.
Diante da Seca e das medidas do governo, estão os sertanejos que sofrem
assiduamente os efeitos de um fenômeno peculiar da região, mas que não
perdem a esperança de um dia poderem ver seu rebanho, sua casa, suas
plantações e sua vida encharcadas de perspectivas para o futuro de suas
gerações. A situação da Seca no Alto Oeste Potiguar é delicadíssima e
precisa ser resolvida da forma mais apropriada, pois para haver vida é
preciso existir água. O alto oeste clama por chuva
Fonte: Folha Regional
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